Resenha

Resenha: Qualityland, de Marc-Uwe Kling

Qualityland é um livro repleto de humor e ironia. Fina ironia. Um livro de ficção científica que foi um achado!

E o que é Qualityland? É um país perfeito. Criado para ser assim, extremamente tecnológico.

As vidas das pessoas se misturam com a IA (inteligência artificial) espalhada por tudo. Todos são obrigados a fazer parte desse mundo artificial. Não há escolha.

No momento de nascimento, as pessoas recebem como sobrenome a profissão dos pais. Peter, no caso, se chama Peter Desempregado. Assim, criam-se inúmeros constrangimentos aos filhos, como Melissa Profissional do Sexo.

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Qualityland (Editora Tusquets, 2020, 352 páginas), de Marc-Uwe Kling, é uma história com uma carga pesada de crítica aos políticos, à vida moderna, ao exagero da tecnologia e seu descarte… E é aí que Peter Desempregado entra. Ele tem uma loja de sucatas desses descartes. Mas ele tem alguns segredos ali, e eles são bem interessantes.

Há muitas referências que pegamos em todos os momentos sobre muitos assuntos, como política e a própria tecnologia. O livro é tão bem escrito que nos dá prazer de ler. Dá para perceber cada trabalho de frases, cada personagem com sua essência.

“Você acha que é por acaso que somente as fábricas dos meus concorrentes sejam atacadas pelos assassinos de robôs? O acaso não existe mais. Não. Uma doação vultuosa vez ou outra para os bons motivos faz milagres na política.”

Um livro divertido e ao mesmo tempo nos avisa dos perigos que o futuro promete. Talvez se encaixe nos livros de ficção científica distópicos, que previram o futuro. No caso, já é o presente — se ele existir.

Claro que, para ficar ainda mais interessante, há o personagem que começa a contestar essa vida perfeita de consumismo desenfreado, de algoritmos que dizem quem é seu par perfeito e de planos de assinatura que aparentemente sabem quando precisamos de algo — mesmo quando não sabíamos. Ou um algoritmo bem errado, o que desencadeia uma vontade imensa de Peter lutar contra o sistema. Mas o sistema é realmente forte, e burro também.

Enquanto Peter tem sua luta particular para devolver certo produto escolhido especialmente para que ele recebesse, se desenrola a corrida eleitoral entre dois candidatos à presidência. O nível é o pior possível — não muito diferente do que vemos hoje, talvez, não quero despertar iras (mas também não me importo se despertar). Os dois candidatos são excêntricos à sua maneira, que é uma maneira bem esquisita.

Gostei bastante dessa leitura, principalmente por seu tom sarcástico e preventivo. O exagero — não tão exagerado, mas sim real — de como as empresas nos tratam, de como os políticos nos desprezam.

Indico para quem curtiu — e muito, não espero menos — O guia do mochileiro das galáxias, de Douglas Adams.

“Nenhuma pessoa sensata se interessa por vídeos de unboxing.”

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O BlackBerry de Hamlet, William Powers

Lista de livros para melhorar a escrita: dicas de livros para novos escritores – Parte I

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Heidi Gisele Borges

Leitora, escritora e revisora. Ama falar sobre bons livros.