Resenha: O homem duplicado, José Saramago
Certo dia, Tertuliano Máximo Afonso se vê perdido, sem rumo. Um amigo sugere descansar e assistir a um filme. Tertuliano Máximo Afonso o aluga e assiste. Se sente frustrado porque o colega, professor de Matemática, ter lhe indicado um filme tão fraco. Mas começa a assistir outra vez e ali está, em poucos segundos aparece o Duplo. Quem era aquele atendente que é exatamente a cara de Tertuliano Máximo Afonso?
Bem, há apenas um porém: o ator tem bigode.
Tertuliano fica encucado, precisa saber quem é aquele homem. Coincidência maior: o filme é de cinco anos atrás. Nessa época, Tertuliano tinha bigode.
Que genial cada detalhe!
Por muito tempo o personagem apenas “caça” seu duplo através dos filmes que aluga, ainda VHS, coisa clássica, jovens. “O homem duplicado” foi publicado pela primeira vez em 2002.
Pois Tertuliano Máximo Afonso vê os créditos e anota cada nome que pode ser o tal ator, e vai descartando conforme assiste. Até que chega em um nome!
Enquanto isso acompanhamos as perturbações do homem, pois tem receio que descubram esse seu novo “passatempo” com os vídeos.
Pergunto-me: saber de um duplo deve ser interessante e, ao mesmo tempo, perigoso. Imagina descobrir que o outro é melhor e que você não passa de uma pessoa medíocre?
Bem, conforme passa a história, descobrimos quem é o duplo daquele professor de História que vive de uma forma pacata.
Começar a ler o português José Saramago (1922-2010) pode trazer aquela sensação de “será que consigo?”, pois ele tem todo um estilo próprio de narrativa, falas e pontuação (ou falta dela), mas se você quiser começar por esse livro vai ver que é bem tranquilo e o medo fica apenas na crítica literária que gosta de colocar obstáculos para o leitor.
“Não imaginei que fosses capaz de tanto, é um plano absolutamente diabólico, Humano, meu caro, simplesmente humano, o diabo não faz planos, aliás, se os homens fossem bons, ele nem existiria.”
“O homem duplicado” é um ótimo livro para iniciar no mundo de Saramago. O assunto do duplo é bastante explorado na literatura, como em “O duplo”, na tradução da editora 34, “O sósia“, na tradução da Editora Martin Claret, de Dostoiévski, “Os elixires do Diabo“, E.T.A. Hoffmann, recentemente lançado pela Estação Liberdade, no conto “William Wilson“, de Edgar Allan Poe.
O duplo mostra o outro lado da pessoa “original”, que é mais contido, tem medos. Geralmente o duplo é mais ousado, não se prende a limites nem os respeita.
Em 2014 um filme de “O homem duplicado” foi lançado, dirigido por Denis Villeneuve.
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+ O duplo, Dostoiévski (Editora 34)
+ O sósia, dostoiévski (Editora Martin Claret)
+ Os elixires do Diabo, E.T.A. Hoffmann
+ Contos de Edgar Allan Poe (William Wilson)
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