Resenha

Resenha: Diário de um homem supérfluo, de Ivan Turguêniev

Publicado em 1850, Diário de um homem supéfluo começa com Tchulkatúrin lamentando tudo e porque logo pode morrer. “O certo é que morrerei em breve”, diz. Ele está doente e então decide contar para si mesmo sua própria história.

O homem tem em torno de trinta anos. No primeiro dia de seu diário, conta sobre o amor e descaso dos pais. A mãe era “carinhosa, mas fria”. Então “esquivava-me de minha mãe e amava com ardor meu degenerado pai”. Descobrimos no ótimo posfácio de Samuel Junqueira, que também assina a tradução, que era assim também na vida do autor.

Tchulkatúrin é apaixonado pela jovem Elizavieta Kiríllovna, ou apenas Liza, mas o destino, ou a falta de decisão, ou a coragem no momento errado, ou tudo junto, o atrapalha e o transforma num homem indesejado.

Me encantam os detalhes das obras de Turguêniev. As pessoas e os sentimentos expressados de forma tão real e viva (até mesmo uma pessoa supérflua) que continuam verdadeiros até hoje.

“Este é o dilema do homem supérfluo em geral: não ter a coragem definitiva para dar o passo que lhe é tão necessário.” Não se faz atual?

O diário de um homem supérfluo (Dnievník lichnego tcheloveka, Editora 34, 96 páginas, 2018) transformou uma época. Sobre ser supérfluo, “o escritor também foi o responsável por cunhar a expressão que designaria as gerações anteriores.” Outra palavra que da mesma forma fixou um termo foi niilista, em Pais e filhos. Uma grande obra que sempre está nas listas dos clássicos que devem ser lidos.

É importante destacar, hoje, que o homem, no caso, é o ser humano.

Ivan Turguêniev (1818-1883) nasceu em Oriol, na Rússia, e começou a escrever essa novela em 1848 e em 1850 a revista Anais da Pátria o publicou, porém várias partes foram cortadas pela censura. Apenas em 1856 o autor reescreveu sua obra.

“Enquanto vive, o homem não sente a própria vida; depois de algum tempo, como um som, ela se torna audível para ele.”

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